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Áudio do ministro Tarcísio causa revolta nos caminhoneiros na véspera da greve

Áudio do ministro Tarcísio causa revolta nos caminhoneiros na véspera da greve

Data de Publicação: 31 de janeiro de 2021 21:09:00 Suposto áudio do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, vem causando revolta nos caminhoneiros, desde ontem (30). No áudio que circula pelos grupos de WhatsApp, o ministro diz que não vai atender a nenhuma reivindicação da pauta dos motoristas que anunciaram paralisação para amanhã (01/02). A suposta conversa teria ocorrido ontem, com o vice-presidente da associação de caminhoneiros da cidade gaúcha de Capão da Canoa.

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Suposto áudio do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, vem causando revolta nos caminhoneiros, desde ontem (30).

No áudio que circula pelos grupos de WhatsApp, o ministro diz que não vai atender a nenhuma reivindicação da pauta dos motoristas que anunciaram paralisação para amanhã (01/02). A suposta conversa teria ocorrido ontem, com o vice-presidente da associação de caminhoneiros da cidade gaúcha de Capão da Canoa. No áudio, Freitas disse que é impossível não só atender as reivindicações atuais, como também fiscalizar o cumprimento dos benefícios conquistados pelos caminhoneiros na greve de 2018.

Na ocasião, a paralisação foi apoiada pelo então candidato a presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Depois do movimento, a maior parte da categoria anunciou que votaria nele. Segundo nota enviada ao site UOL, o Ministério da Infraestrutura informou que Freitas conversou, por telefone, com um representante da associação e "reafirmou o seu posicionamento em referência às ações setoriais adotadas pela pasta", além de manter o posicionamento de não negociar quando há indicação de paralisação.

Durante a gravação, o ministro também menciona: que os caminhoneiros precisam "desmamar" do governo; que os integrantes da categoria devem pensar como empresários; existir obstáculos econômicos agravados pela ação de prefeitos e governadores que "fecharam tudo" (referência a localidades que tiveram lockdown para conter a pandemia) que suspeita de motivação política na paralisação, por estar marcada para o mesmo dia da votação da presidência da Câmara dos Deputados.

Já no início da conversa, Freitas menciona que sempre recebeu os representantes da categoria para ouvi-los. "Achar que tem que fazer paralisação para conversar... esquece. Na verdade, a paralisação fecha portas", diz. "Enquanto tiver a paralisação eu não converso com ninguém".

Os caminhoneiros comentam que as reuniões realizadas desde que o governo atual assumiu não resultam em medidas concretas. Os motoristas solicitam isenção de impostos dos derivados de petróleo, para minimizar as despesas com combustível, pneus e itens de manutenção; fiscalização nas estradas que garanta o cumprimento da lei que estabelece piso mínimo do frete; gratuidade nos pedágios e outros itens.

Quando cobrado sobre o cumprimento da tabela de fretes, Freitas diz que nada pode fazer. "A fiscalização não é efetiva e não vai ser nunca. Venderam pra vocês o piso mínimo de frete, que não vai funcionar nunca", afirma. Ele relata que foram aplicadas 13 mil multas nos contratantes que descumpriram a lei, que de nada adiantaram.

"Como vai tirar o direito de um embarcador ou de uma transportadora de contratar mais barato?", argumenta. Em seguida, diz que o problema é de mercado, não de governo, e conclui que a greve de 2018 "deixou as empresas mais fortes".

O representante da categoria dos caminhoneiros argumenta que os motoristas estão ganhando muito pouco e a situação está insustentável. Pede novamente que o governo seja efetivo no cumprimento das leis existentes.

"Botaram esse negócio na lei, botaram um doce na boca do caminhoneiro para o caminhoneiro voltar a trabalhar em 2018", responde o ministro. A seguir, o representante do governo lista as atuais dificuldades econômicas, afirma que "o Brasil encolheu" e "passa por crise sem precedentes". O caminhoneiro lembra ao titular da pasta da Infraestrutura que a categoria votou no presidente "na esperança de um Brasil melhor". Freitas volta a falar das dificuldades enfrentadas. "O presidente tá tomando porrada 24 horas por dia, os governadores e prefeitos fecharam todo o Brasil", alega. "O presidente faz o que pode, mas o presidente está extenuado".

Já no fim do áudio, Tarcísio Gomes de Freitas suspeita de haver direcionamento político na greve, por ter sido marcada para o mesmo dia da eleição da presidência da Câmara dos Deputados. O motorista responde que o movimento dos caminhoneiros só teve conotação política na eleição do presidente Jair Bolsonaro, em 2018. "Não estamos contra o governo, mas está insuportável para nós." Nas dezenas de grupos de WhatsApp onde a greve vem sendo articulada, o áudio atribuído ao ministro foi recebido com indignação. Muitos caminhoneiros autônomos fizeram críticas contundentes a ele e se disseram dispostos a parar as atividades amanhã.

Áudio divulgado pelo canal do UOL no YouTube

O que diz o ministério sobre o áudio?

Em nota enviada à coluna do site UOL, a assessoria do Ministério da Infraestrutura menciona que na conversa por telefone com um representante da Associação dos Caminhoneiros e Condutores de Capão da Canoa (RS), o ministro reafirmou "a total abertura para o diálogo com todas as entidades que demonstraram interesse em fazer parte da formulação da política pública" e "o posicionamento de não negociar com qualquer indicativo de paralisação ou locaute".

Leia a íntegra da nota:

"O Ministério da Infraestrutura esclarece que o ministro Tarcísio conversou, por telefone, com representantes da Associação dos Caminhoneiros e Condutores de Capão da Canoa/RS. Durante a conversa reafirmou o seu posicionamento em referência às ações setoriais adotadas pela pasta; a total abertura para o diálogo com todas as entidades que demonstraram interesse em fazer parte da formulação da política pública; o posicionamento de não negociar com qualquer indicativo de paralisação ou locaute; e sua opinião, de amplo conhecimento de todo o setor, sobre temas de interesse, como a tabela de frete e a necessidade de estimular a economia para ampliar o mercado do transporte rodoviário de cargas".

Fonte: UOL / áudio grupo WhatsApp

Texto adaptado - Clube do Motorista

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